segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018


PAI DE ALUNA COM BAIXA VISÃO PRODUZ SOROBÃ GIGANTE EM CURSO DO CAP-AC

Escrito por Hyrla Mariano

O motorista de ônibus Sebastião Souza da Luz, 46 anos, é pai de uma criança com baixa visão. Ao conhecer o trabalho do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual do Acre (CAP-AC), foi convidado junto com sua esposa Maria Geane da Costa, para participar dos cursos ofertados pela instituição, dentre eles, os cursos de Baixa Visão, Pré-Sorobã e Sorobã. 

A iniciativa de produzir um sorobã aconteceu durante o curso de Pré-Sorobã. De modo criativo, Sebastião  iniciou a produção, em fase de teste. O motorista presenteou a esposa com este primeiro sorobã, e em seguida, confeccionou outro para a professora capacitadora Fátima Santos, em uma atividade do curso.


Imagem: Professora capacitadora Fátima Santos e Sebastião Souza mostram o sorobã gigante.

O fato de Sebastião ter conhecimentos de carpintaria trouxe inspiração na hora da escolha dos diversos materiais. Inicialmente, ele foi até uma marcenaria próxima a casa dele e pegou a madeira. Logo, por ser motorista, ele observou que as bolinhas do forro da cadeira que ele utilizava no ônibus podiam formar as contas do sorobã. Os outros componentes foram sendo imaginados a partir do cotidiano do motorista, exemplos disso foram os eixos feitos com raios de bicicleta e o palito de churrasco para fixar as bolinhas.

O tamanho grande do sorobã chamou a atenção de todos e os próprios colegas de curso se encantaram com o trabalho artesanal de Sebastião, até que muitos passaram a encomendar sorobãs para ele. Até o momento, o motorista já produziu mais de 10 sorobãs, que variam entre o valor de R$80,00 a R$100,00, dependendo do tamanho e material utilizado. Sebastião também produziu um sorobã para a filha e ela participou do processo de produção, demonstrando muita animação para aprender mais sobre essa importante ferramenta.

“O curso de sorobã é muito importante, é muito bom que todos façam os cursos, principalmente os pais de crianças com baixa visão, pois o sorobã vai ajudá-las a melhorar o desempenho na matemática. Decidi fazer os cursos do CAP-AC por causa da minha filha, ela é minha maior motivação. Eu a envolvi também na produção do sorobã que fiz para ela e em breve vou ensinar um pouco do que aprendi no curso, destacou Sebastião.


Imagem: Katrine, filha de Sebastião, segura sorridente o sorobã que ajudou a produzir.

Quem quiser adquirir um sorobã produzido por Sebastião, entre em contato pelo telefone (68) 999454943.

SOROBÃ

Segundo alguns pesquisadores, o sorobã (ábaco japonês), como aparelho de contar e calcular, tem sua origem na antiguidade, sendo usado de forma rudimentar, muito antes da era cristã. Com a evolução do tempo, surgiram os modelos babilônicos que foram aperfeiçoados (os babilônicos calculavam, usando pedrinhas) e daí derivou-se o ábaco greco-romano e deste, o sorobã.

Para outros, a origem do ábaco é desconhecida, havendo afirmações de que se usou na Mesopotâmia, há 5 ou 6 mil anos e foi introduzido no Oriente através do Império Romano. De uma forma ou de outra, o seu uso espalhou-se tanto no Oriente como no Ocidente, ao longo dos tempos, chegando até os dias atuais, graças à grande aceitação e divulgação que teve, principalmente, entre os japoneses. 

O sorobã começou como um simples instrumento onde eram registrados valores e realizadas operações de soma e subtração. Posteriormente foram desenvolvidas técnicas de multiplicação e divisão. Atualmente já são conhecidas técnicas para extração de raízes (quadrada e cúbica), trabalho com horas, minutos e segundos, conversão de pesos e medidas. Também podemos operar com números inteiros, decimais e negativos.

O objetivo do uso do Sorobã é realizar contas com rapidez e perfeição, buscando alcançar o resultado sem desperdícios. Ele ajuda a desenvolver concentração, atenção, memorização, percepção, coordenação motora e cálculo mental, principalmente porque o praticante é o responsável pelos cálculos, não o instrumento. Esta prática  possibilita realizar cálculos em meio concreto, aumenta a compreensão dos procedimentos envolvidos e exercita a mente. O uso do sorobã pode ser feito por qualquer pessoa, independente de ter deficiência ou não.

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