A Síndrome de Irlen é uma alteração do processamento visual,de ordem hereditária e genética, causada pelo desequilíbrio da capacidade de adaptação à luz. Ela foi descoberta em 1987, nos Estados Unidos, através dos estudos da Dra. Helen Irlen. A Síndrome provoca um desajuste no processamento visual, afetando o desempenho da leitura, podendo interferir também em outras atividades visuais como: percepção de profundidade e capacidade de acompanhar objetos em movimento. Os sintomas se agravam se a pessoa estiver sob iluminação branca luminescente.
Os profissionais da escola devem saber que crianças com S.I. enxergam bem e não percebem que possuem estas alterações ou distorções na visão – o que significa que, ao serem encaminhadas ao oftalmologista, a avaliação poderá ser “normal”. A Irlen é detectada através de um exame de processamento visual realizado por um profissional da saúde ou de educação devidamente capacitado. Os profissionais que recebem este treinamento são chamados de Screening. O momento ideal para se identificar a síndrome é por volta dos 6 ou 7 anos de idade, por ser a fase inicial de aquisição da leitura e escrita.
Características de Irlen (crianças ou adultos):
• Tropeçam com frequência, deixam cair objetos;
• Levam muito tempo para realizar leituras e para acabar a lição de casa;
• Queixam-se de dores de cabeça, tensão ou cansaço na escola ou quando realizam leituras;
• Evitam a leitura ou não tem prazer em ler, principalmente em voz alta;
• Saem-se mal em testes cronometrados ou testes padronizados;
• Leem o começo do capítulo e os resumos ao invés de lerem o capítulo todo;
• Tem mais facilidade em aprender nas discussões orais do que lendo;
• Esforçam-se bastante para tirar boas notas, mas não conseguem;
• Podem ser considerados preguiçosos ou desmotivados e sempre lhes dizem que poderiam render mais, caso se esforçassem;
• Tem problemas de fluência e compreensão da leitura;
• Tem problemas de concentração durante a leitura ou escrita;
• Distraem-se facilmente ao ler ou escrever;
• Ficam distraídos ou apresentam desconforto quando estão num local com luzes fluorescentes ou brancas;
• Entram em estado de devaneio durante a aula;
• Não conseguem permanecer muito tempo fazendo tarefas acadêmicas;
• Queixam-se frequentemente de dores de cabeça, enxaqueca e outros sintomas físicos, tais como: dores de estômago, tontura e fadiga;
• Sempre que podem preferem ficar no escuro ou com fraca iluminação;
• Sentem-se incomodados com a luz de faróis de veículos e com brilho em geral;
• Apresentam desconforto visual ao usar o computador e terminam o dia exaustos;
• Podem apresentar dificuldade ao olhar para listras ou xadrez;
• Podem apresentar pouca noção corporal espacial ou dificuldade com degraus e escadas rolantes;
• Tem dificuldade para pegar uma bola que lhes é atirada;
• Na infância podem apresentar tendência a brincar debaixo de móveis, dentro de guarda-roupa ou simplesmente com menos luz nos ambientes;
• Apresentam incômodo também com o som alto ou alergias pelo corpo e principalmente nos olhos porque são extremamente sensíveis também nos outros órgãos dos sentidos;
• Apresentam pouca coordenação motora grossa e fina.
Tratamento
Infelizmente não há tratamento para a cura e os sintomas não melhoram com a idade ou uso de medicação. Porém há procedimentos que ajudam a aliviar os sintomas como o uso de transparências para a leitura, enquanto que os filtros, adaptados aos óculos ou lentes de contato, propiciam melhora no desempenho ao uso do computador, na leitura à distância, ao subir e descer escadas e na coordenação e equilíbrio em práticas desportivas.
O tratamento consiste em avaliações psicopedagógicas de forma a que a criança venha a lidar com sua diferença, em primeiro lugar. Feito isto a avaliação passa à sobreposições coloridas que serão chamadas de Overlay, que são transparências de acetato colocadas sobre textos ou na leitura, ou ainda, óculos com filtros nas lentes, que recebem tratamento exatamente para serem filtros, de acordo com o problema da criança, dentro das variâncias que se observa de um a outro indivíduo.
Os acetatos coloridos ou os filtros Overlay, ou mesmo as lentes especiais nos óculos, são na realidade filtros espectrais que vem a corrigir o distúrbio visual-perceptivo que por ser de base neurológica não é detectado em exames oftalmológicos de rotina. À medida que se testa, individualmente a faixa espectral com os filtros, percebe-se uma melhora na leitura. Constatada a necessidade de um filtro específico para aquele paciente isto vem para o dia-a-dia, como uso dos óculos. Existem óculos, por enquanto, produzidos apenas nos Estados Unidos, com a coloração das lentes específica à necessidade do sujeito. Infelizmente, eles continuam sendo inviáveis para boa parte das famílias, não só pelo custo, mas também porque o grau da criança ainda é instável.
Imagem: Professora testando acetatos coloridos com aluno.
Confira algumas dicas para os professores:
• Primeiro passo: aproxime-se sempre do seu aluno. Muitas vezes eles nos dão pistas sobre o que fazer.
• Vale ressaltar que a S.I. não tem nenhuma relação com a inteligência. As dificuldades explicitadas são extintas com o uso das transparências ou lentes específicas.
• Motive o seu aluno o máximo que puder, pois, quando ele se sente acolhido e seguro, consegue driblar melhor algumas dificuldades. É muito comum que estas crianças tenham uma inteligência acima da média, já que precisam o tempo todo de um esforço muito maior que os demais para resolver situações-problema.
• Cuidado com o contraste da folha e do texto (claro e escuro – preto no branco). Use o texto de cor escura em um fundo claro (não branco). Se você já souber qual é a cor de conforto da criança, utilize-a sempre, seja através da mudança de cor da folha, seja com o apoio das overlays.
• Se a criança ainda não tem a overlay, as pastas plásticas coloridas, conhecidas como pasta em L no Brasil, também podem ser utilizadas na adaptação das atividades de leitura. Para a escrita, utilize as folhas de sulfite coloridas ou outro tipo de papel, também com alguma cor. Dê preferência a papéis mais espessos e foscos, para evitar que o outro lado fique transparente… nada de brilho!
• Use e abuse das figuras para explicar novos conteúdos ou reforçar conteúdos antigos.
• Evite palavras sublinhadas ou em itálico. O negrito é bem-vindo.
• Aproveite as atividades que envolvam o pensamento e o raciocínio lógico, pois, em grande parte das vezes, crianças com S.I. possuem habilidades nesta área.
• Utilize jogos como o quebra-cabeça e peças tridimensionais.
• Explore a criatividade da criança.
• É necessário, sempre, descobrir como o aluno aprende melhor (tendo ele S.I. ou não). Perceba como ele prefere aprender, se gosta de explorar, sentir, ouvir ou ver. Isso ajuda muito!
Utilize programas para o computador ou tablet como: Irlen Colored Overlays – para computadores e notebooks (tem um pequeno custo); Irlen Colored Overlay App – para Smartphone android e tablet (tem um pequeno custo); Color Overlay, ferramenta de sobreposição de cor que pode ser adicionada ao Google Chrome através do painel de administração do Google Apps (este recurso é gratuito e muito bom, utilizado apenas em ambiente web); Ssoverlay – semelhante ao Color Overlay, do Google, porém para ser utilizado no Windows. Bem interessante e gratuito.
FONTES CONSULTADAS:
http://clinicacanto.com.br/post.php?id=54-nem-dislexia-nem-deficit-de-atencao-seu-filho-pode-ter-sindrome-de-irlen-o-que-vem-a-ser-isso
– Acesso em 16/06/17
http://vaiali.com/noticia/a-sindrome-de-irlen - Acesso em 19/06/2017
http://naescola.eduqa.me/desenvolvimento-infantil/sindrome-de-irlen-nunca-ouvi-falar/ Acesso em 19/06/2017
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